quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ensaios...(de medo)

Tive medo de perder a cabeça, pegar o caminho errado, o caminho sem volta...
Tive medo, mas comecei a entrar no caminho.
Tive medo e não pude continuar!

Você já teve medo? Já desistiu por medo? Já se arrependeu por medo?

Eu já!
Mas se um dia me queimo por ter sido covarde, noutro já me orgulho por ter sido prudente.
Apenas um passo. Um sim ou não. E a vida muda todo o rumo.

Eu disse sim, voltei atrás, disse não... Quero voltar de novo, mas isso seria jogar tudo pro alto não voltar nunca mais...
Seria me entregar de corpo e alma ao meu desejo.

O desejo da minha cabeça, das minhas mãos, dos meus dedos, dos meus pés, dos meus seios, da minha boca. O desejo que vai da liberdade à Libertinagem.
O desejo!
O corpo!

Senti tanta falta, tanto desejo, tanto instinto.
Senti.

E ainda sinto uma picadinha dentro de meu peito dizendo que nunca mais terei em minhas mãos a ilusão do sonho vivido.

Quem jogaria fora uma vida bem-sucedida por uma paixão adolescente?
Mas quem deixaria de lado a própria indústria de sonhos para seguir um sonho já lapidado, gasto, já sonhado?!

Tive dúvida, perguntei, falei, indaguei... Gritei! Ninguém me ouviu além do silêncio!

Eu queria dar um tempo de mim mesma, esquecer que sou minha dona, deixar meu corpo pulsar... Deixei e percebi que não há "eu", há somente "nós"...

Tive medo! Eu tive medo do nós! Medo de formar nós cegos, de não conseguir desatar e continuar caminhando, dançando, correndo pelos corredores da vida... Sem rumo, sem estação, sendo alguém e não alguém mais.

Voltei ao caminho sem nós, ao caminho do eu, do você... Tudo paralelo, reto, duro, certo...
Tudo o que vi foi desamor, doeu!
Dói ainda cada vez que falo sobre o mundo que vivi, as frutas que comi, a água, o cheiro o sabor! Ninguém me parece acreditar...
Dói ainda aqui dentro quando conto que é possível viver e todos acham que existir é o máximo.
Dói!

Estar novamente sozinha, sem companhia aos dias de semana à noite, sem madrugadas acordada não sozinha, sem brincadeiras secretas, sonhos e planos.... Sem isso ou aquilo...

E talvez no exato instante o único motivo que me prende aqui é o medo...
Medo da rejeição, medo do esquecimento, medo de me encarar olhando em seus olhos...
Medo!
Do desejo!

Se hoje as lembranças entram por meus olhos, meus ouvidos, meu nariz, minha boca...
Elas chegam até mim e me confundem e me perdem e me ganham...
E dançam com meu coração, e brincam de água em meus olhos, e trazem tudo de volta...

Se pudesse, dividiria meu corpo e alma... Metade iria a um Arlequim safado que sabe lucrar e a outra metade a um Pierrot branco e triste, que só pensa em sonhar...

Dedicado a todos os artistas de teatro...Iniciantes, veteranos, conhecidos ou invisíveis...
Ocupe um lugar, tenha força!
Não faça planos, aconteça!

Um comentário:

  1. Lembranças, sonhos, devaneios....
    O medo percorre a espinha, assalta a nossa voz de madrugada. Mas, haverá dor mais ardilosa que a da constatação arrependida? Nesses meus 25 anos, mais fatigados que frenéticos, não sei dizer. Sei que muito do q valeu a pena estava ali, nas improbabilidades, nas minhas insanidades obscuras... E também em alguns porres, mas esses eu não posso contar.

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